Publicado em 28/03/2025.
Em um cenário onde a inteligência artificial se torna aliada do Poder Judiciário, magistrados e assessores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) se reuniram em Belo Horizonte, nos dias 27 e 28 de março, para uma oficina presencial sobre construção de prompts. A ação, realizada na Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef), tem como objetivo capacitar os participantes a utilizar ferramentas de IA de forma ética e estratégica, otimizando pesquisas jurídicas, redação de decisões e análise de processos.
Ministrada pela juíza Luciana de Oliveira Torres, especialista em inovação e tecnologia aplicada ao Direito, a capacitação teve o intuito de ensinar não apenas o que é um prompt, mas quando e como usá-lo na rotina judicial.
“O objetivo é que a pessoa tenha uma noção geral sobre o que é inteligência artificial, o que é prompt, por que ele é importante e como fazê-lo”, explicou a magistrada. Mas o foco principal foi identificar padrões repetitivos nos processos – afinal, nem todos os casos se beneficiam igualmente da IA.

“A minha realidade não é a mesma dos outros juízes. Cada um tem uma demanda específica”, destacou. Por isso, a oficina mostrou em quais situações vale a pena usar prompts – como em processos que se repetem com frequência – e em quais o esforço não compensa. “Se for um caso único, como uma operação do Gaeco, não adianta criar um prompt, porque ele não vai se repetir”, exemplificou.
A ideia é poupar tempo em tarefas repetitivas para que juízes e assessores possam se dedicar a análises mais complexas. “Você economiza tempo com esses processos que são padronizados e ganha mais espaço para aqueles que exigem uma atenção especial”, disse.
Além disso, a capacitação reforçou que a IA é uma ferramenta de apoio, nunca um substituto para a decisão judicial. “Não é delegar à inteligência artificial a decisão, e sim usá-la como auxílio. O juiz primeiro decide na cabeça dele, com base nas provas, e depois a IA ajuda a colocar essa decisão no papel”, esclareceu.
Integrando um movimento maior do Judiciário mineiro para incorporar a tecnologia de forma ética e eficiente, sempre respeitando a proteção de dados e a autonomia do magistrado, espera-se que, ao final das 3 horas de imersão, os participantes dominem técnicas para criar comandos precisos em ferramentas de IA, garantindo não apenas ganho de tempo, mas também decisões mais embasadas e alinhadas aos princípios da LGPD.