A Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes conduziu um treinamento em acessibilidade, voltado a servidores da instituição. O treinamento, realizado em modalidade a distância com aulas síncronas, tinha como meta capacitar os participantes a criar conteúdos visuais verdadeiramente inclusivos.
O tema tem sido cada vez mais reconhecido, não apenas como uma questão de inclusão social, mas também como um requisito legal e uma prática institucional inteligente. O treinamento, ministrado pelo especialista Marcelo Sales, abordou desde os fundamentos da acessibilidade até a aplicação prática das WCAG (Web Content Accessibility Guidelines) e o design inclusivo.
Segundo Marcelo, o impacto esperado para os participantes está relacionado à compreensão de que a acessibilidade vai muito além da inclusão de pessoas com deficiência. “Há ainda algo a ser desmistificado com relação a esse tema porque, quando se fala em acessibilidade, as pessoas ainda associam o tema exclusivamente com pessoas com algum tipo de deficiência e, na verdade, vai muito além disso”, afirma. “O foco que eu trago para acessibilidade é mostrar para as pessoas que a gente está falando na verdade de design na essência. Então, a gente tem que pensar em diferentes fatores, em diferentes momentos, em diferentes situações, em diferentes estruturas organizacionais, para que se atenda adequadamente à acessibilidade.”
Além disso, os participantes tiveram a oportunidade de explorar como a acessibilidade pode ser integrada a estratégias de negócios e como empresas no Brasil e no exterior lidam com esses processos.
No entanto, o especialista também destacou os principais desafios na implementação da acessibilidade. “É muito comum diferentes empresas acharem que acessibilidade é uma etapa isolada do processo. Primeiro, se desenvolve o sistema, o ambiente, o site, o aplicativo. Depois de desenvolvido o site e aplicativo, o pessoal se preocupa em aplicar a acessibilidade, e não é assim que funciona”, explica Sales. “Para a gente entender melhor o cenário, é justamente focar no desenvolvimento desde a prancheta. Aliás, antes da prancheta, quando você tem a ideia ainda, e aí você tem diferentes ações, em diferentes momentos e diferentes formas de executar dependendo da área da equipe que está executando.”
Marcelo ressalta que a responsabilidade pela acessibilidade não recai apenas sobre uma área, mas envolve todo o time. “Haverá responsabilidade do time de desenvolvimento, haverá responsabilidade do time de design, haverá responsabilidade do time de negócios, haverá responsabilidade do time de conteúdo, haverá responsabilidade do time que vai testar tudo isso. Todo mundo tem uma parcela de responsabilidade”, destaca. “O principal desafio, na verdade, de se implementar é justamente que as pessoas tenham essa percepção do todo e que a acessibilidade, para ser desenvolvida de forma correta e coerente, precisa-se ter diferentes etapas nesse processo.”
Sem essa percepção, a aplicação da acessibilidade pode ser parcial ou praticamente nula, conforme o especialista. “É por isso que a gente tem uma porcentagem tão grande de sites e aplicativos não acessíveis, porque as pessoas não compreendem essa totalidade. Daí a importância das capacitações e das qualificações das pessoas, justamente para que esse cenário seja alterado,” conclui Sales.