A Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (EJEF) adotou grupos focais conduzidos por sua equipe pedagógica para embasar a criação de cursos de pós-graduação. A ideia é estreitar a integração entre teoria e prática, atendendo, assim, a demandas reais dos profissionais que atuam no sistema de Justiça mineiro.
Ana Paula Prosdocimi, Diretora da Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas (DIRDEP), explicou que utilizar essa metodologia para estruturar um programa de pós-graduação é uma solução inovadora. “Desde 2016, a área pedagógica da EJEF, orientada por consultoria especializada em educação, tem empregado essa metodologia com sucesso para o desenvolvimento de cursos e oficinas, mas é a primeira vez que ela é aplicada para o planejamento de curso de pós-graduação”, destacou a gestora.
“A consulta aos grupos focais não apenas aprimora a educação judicial, mas também conecta diretamente as experiências práticas dos profissionais com a formação oferecida pela Escola Judicial”, concluiu.
Os grupos focais são formados prioritariamente por magistrados, servidores e colaboradores do TJMG, mas a Escola também pode convidar profissionais externos.
Construção colaborativa e imersão nas áreas-fim do Tribunal
Dois grupos focais já foram conduzidos pela instituição: no primeiro discutiram-se as ementas do curso de Pós-graduação Lato Sensu em Jurisdição Penal e Criminologia Contemporânea, já definida e com inscrições encerradas; e no segundo definiram-se as competências e ementas da Pós-Graduação em Gestão, ainda em desenvolvimento.
O Desembargador Paulo Calmon, coordenador do curso voltado à área penal, que terá início em 22 de setembro, ressaltou que o grupo focal emerge como uma ferramenta crucial na definição da base e grade curriculares, dada a complexidade inerente ao tema do curso, que reúne disciplinas de direito penal e criminologia. “O grupo focal proporciona um espaço de diálogo multidisciplinar e participativo. Por meio de discussões e debates envolvendo especialistas, docentes e servidores atuantes nas áreas de interesse, o método possibilita a identificação precisa das demandas do campo jurídico e das tendências criminológicas atuais. Essa abordagem colaborativa não apenas garante a adequação dos conteúdos às necessidades práticas e teóricas, mas também fomenta a criação de uma rede de conhecimento sobre o tema dentro da instituição. Assim, a metodologia é essencial para assegurar a relevância e a eficácia do curso, mas também capacitar os atuais e futuros profissionais a enfrentarem os desafios complexos da aplicação do direito e do fazer Justiça”.
Carlos Márcio de Souza Macedo, Juiz Auxiliar da Segunda-Vice Presidência do TJMG e Coordenador da Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão, considera essa abordagem uma mudança de paradigma, ao permitir construção horizontal que enriquece formato e conteúdo dos cursos.
Macedo destaca: “No grupo focal para a pós-graduação em gestão, mudamos completamente a perspectiva, saindo da criação vertical para uma abordagem horizontal, envolvendo todas as áreas, como a judicial, a administrativa, o UAI-Lab, a Presidência e os servidores de diferentes níveis e instâncias. Inclusive, até o nome do curso está sendo definido durante os encontros do grupo focal”.
A primeira reunião dedicada ao curso de gestão durou cerca de 3 horas, durante as quais se formaram grupos para discutir as questões relevantes. A metodologia Design Thinking foi usada para apresentar demandas e soluções de forma colaborativa, dando espaço para abordagem de várias necessidades reais, em variadas perspectivas.
Outro grupo focal está programado para subsidiar a estruturação da pós-graduação em Direito de Família.
Inah Rezende, Gerente de Planejamento e Desenvolvimento Pedagógico (GEPED), acredita que esses encontros viabilizam o alinhamento da formação educacional com as práticas específicas das diversas unidades do Tribunal. Ela ressaltou que, por exemplo, a área penal já demonstrou sucesso com essa abordagem.
A dinâmica dos grupos focais permite identificar com precisão o conteúdo necessário para futuros cursos, garantindo que a formação seja altamente aplicável na prática. Convocando profissionais de várias áreas do TJMG para esses grupos, a Escola Judicial cria um ambiente colaborativo no qual podem ser discutidos problemas e soluções para os desafios cotidianos. Isso gera uma compreensão completa das lacunas de conhecimento e habilidades necessárias para que o trabalho seja eficaz nos diversos campos de atuação. Com base nessas discussões, a Escola Judicial direciona seus esforços a cursos e programas de capacitação que apresentem questões e conhecimentos relevantes para as práticas profissionais identificadas.