*Auro Aparecido Maia de Andrade
Outrora, chamada “Comarca do Rio das Mortes”, foi instituída em 6/4/1714.
Foi a terceira Comarca da então Capitania de Minas Gerais, porém a maior em dimensão territorial do Brasil-colônia.
A Cidade de São João del-Rei, “cabeça de Comarca”, foi a segunda mais importante Vila do século XVIII. Sua primazia era tamanha, que o próprio Marquês de Pombal, no ano de 1755, chegou a cogitar fosse ela a capital do vice-reino brasileiro. Quando à época da Inconfidência Mineira, Tiradentes a escolheu como sendo a futura capital do Brasil.
Com o passar do tempo, por ocasião da escolha da capital da Província de Minas Gerais, novamente São João del-Rei voltou à tona, mas foi superada pela região do “Curral del-Rei”, hoje Belo Horizonte.
Em terras sanjoanenses, nasceram o maior herói deste país, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, e também o herói da transição democrática, Dr. Tancredo Neves. Nestas terras, morou a maior parte dos inconfidentes envolvidos na Conjuração Mineira.
Nestas plagas, também ocorreram episódios da Guerra dos Emboabas. O Imperador D. Pedro II aqui estivera por duas ocasiões. Aqui, em todas as oportunidades, não faltou coragem e civismo de seus filhos ao lutar pela liberdade, inclusive em solo europeu por ocasião da segunda grande guerra.
Nesta Comarca, foi Ouvidor-Geral o Dr. Inácio José de Alvarenga Peixoto, inconfidente e esposo da poetiza Bárbara Eliodora.
Aqui a religiosidade, a tradição, a música, as artes em geral se irmanam com a riqueza histórica e fazem da “cabeça da Comarca” do “Rio das Mortes”, cenário de singular importância e valor cívico-cultural, na medida em que, como disse o então Governador Rondon Pacheco ao visitar a Fazenda do Pombal: “aqui tudo começou”, ao se referir aos ideais de liberdade, expressão esta tão conhecida pelos Mineiros.
Essa é a feição da Comarca de São João del-Rei!