Vozes Poéticas de Minas – Yeda Prates

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Yeda Prates

Este é o nome que assina uma das mais delicadas e vigorosas obras da poesia mineira. Nascida em Belo Horizonte, diplomada em Letras Neolatinas pela PUC Minas, eleita em 2007 para a Academia Mineira de Letras, quando ocupou a cadeira de número 6 (seis). Em ordem cronológica, a obra poética de Yeda é constituída pelos livros Entre o Rosa e o Azul (1967), Enquanto é noite (1974). Palavra Ferida (1979), Pêndula (1983), Grão de Arroz (1986), O Rosto do Silêncio (1992), À Beira de Outubro (1994), Anotações sobre Zen e Hai Kai (1996), Encostada na Paisagem (1998), Cantata (2004), Viandante (dedicado a seu marido, Ney Octaviani Bernis, 2006), Entressombras (2013) e Cercanias (2016). Todos produzidos em edições primorosas, desde o projeto gráfico, passando pelo papel, até seu ponto de culminância: este ofício de produzir “pequenos pedaços de beleza”.

Cantata, a nona sinfonia da poeta, traz uma maravilhosa fortuna crítica sobre a obra de Yeda, quando se dão a conhecer o olhar e o sentir de poetas e escritores como Antônio Cândido, Abgar Renault, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Henriqueta Lisboa e Manoel de Barros, dentre outros, além do belo Prefácio de Bartolomeu Campos de Queirós, que reconhecem que o trabalho de Yeda é o de cantar e bordar imagens, que abrem o poema às mais diversificadas significações. Sua poesia é, sem dúvida, uma confirmação de que a vida descabe nas palavras, trans-borda, carece ser cantada e perseguida em silêncio, em verdadeiros gestuais poéticos.

Perguntada, em entrevista concedida ao Jornal Estado de Minas, em 1º de setembro de 2007, o que significava para ela entrar para a Academia Mineira de Letras, respondeu: “é uma coisa muito importante para mim, principalmente por ser um reconhecimento não à minha pessoa, mas ao trabalho poético que venho realizando todos estes anos todos”. Sim. Yeda concretizou em sua obra o espaço literário que Blanchot descreveu como “a outra noite”: “trabalhar para o dia é encontrar, no final, a noite. É fazer, então, da noite a obra do dia, fazer dela um trabalho, uma morada (…) abrir a noite à outra noite”. O trabalho de Yeda é mesmo um portal. Um portal para que a poesia possa chegar até nós, de múltiplas, perplexas e alquímicas formas.

Clique nas abas abaixo e ouça os poemas separadamente: